Por Ariadna Faleiro de Oliveira
UM DIA QUE MUDOU TUDO
No dia 12 de janeiro de 2010, o Haiti acordou com um ar de vida
normal: gente pelas ruas, crianças nas escolas, trabalhadores indo e
vindo; um dia como outro qualquer. Mal sabia o mundo que, às 16h53,
horário local (19h53, horário de Brasília), essa data seria lembrada com
lágrimas e desespero pela destruição e perdas incalculáveis.
A história trágica começou a ser narrada a partir de um terremoto de
magnitude 7.0 na escala Richter, considerado um dos piores do mundo nos
últimos anos. Eugênio Polanco, diretor do Instituto Sismológico
Universitário da República Dominicana afirmou: “
Desde o
terremoto de 4 de agosto de 1946, de 8.1 graus, não tínhamos registrado,
pelo menos em nosso país, um fenômeno tão grande como este”.
Seguido de outros tremores e sentido em outros países (quase todo o
território da República Dominicana e leste de Cuba), o terremoto trouxe
consequências catastróficas.
O Haiti, cuja capital é Porto Príncipe, possui uma superfície de 27.750 Km
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e quase 10 milhões de habitantes. É considerado o país mais pobre da
América com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do hemisfério
ocidental.
Geograficamente marcado por montanhas escarpadas com pequenas
planícies costeiras e vales fluviais, o Haiti encontra-se na placa
tectônica Caribenha, que é, relativamente, pequena em comparação às
placas Sul-Americana e Norte-Americana. Estas “comprimem” a placa
Caribenha e fazem com que a região do Haiti se torne instável e propensa
a terremotos. A incidência de falhas é o fator agravante, uma vez que
um simples movimento para cima ou para baixo faz com que os tremores
sísmicos gerem uma grande catástrofe.
Seja pelo fator geográfico, seja pela instabilidade da localização ou
por qualquer outro motivo, o fato é que o terremoto deixou no país um
rastro de morte, doenças, destruição e milhares de desabrigados.
Um relatório da Agência Americana para Desenvolvimento Internacional,
conduzido pela empresa de consultoria LTL Strategies, com sede em
Washington,
calculou que 895 mil pessoas se mudaram depois
do tremor para abrigos temporários ao redor da capital haitiana, Porto
Príncipe, e que, atualmente, cerca de 375 mil indivíduos ainda vivem
nessas condições. Apesar de o governo haitiano insistir em
que o número de mortos tenha sido de 316 mil, esse relatório assinala
cerca de 85 mil pessoas baseado numa pesquisa feita de casa em casa no
Haiti durante 29 dias de janeiro de 2011.
HISTÓRIA OFUSCADA PELA TRAGÉDIA
Confrontando o brilho histórico do passado, o Haiti, uma ex- colônia francesa (cedida à França pela Espanha em 1697), foi
o primeiro país do mundo a abolir a escravidão durante
uma revolta de escravos que culminou com a independência do país em 1º
de janeiro de 1804. O Haiti foi, também, a primeira república negra no
mundo. Serviu de inspiração aos descendentes africanos de muitos outros
países.
Atualmente, porém, vê-se em suas ruas um misto de insuficiência e
desafios. A nação, que muito antes do terremoto já experimentava uma
miséria generalizada, traz hoje um espetáculo angustioso regado por
escombros, cemitérios abertos, milhares de barracas com famílias
desabrigadas, órfãos da tragédia, elevado índice de prostituição
(incluindo crianças e adolescentes), devastação, analfabetismo,
mortalidade infantil, ausência de saneamento básico e um forte surto de
cólera com milhares de vítimas. Situação bem definida pelo autor
haitiano, Dany Laferriève:
“Um terremoto dilacerou um país que já estava de joelhos”.
A tragédia chamou a atenção da mídia e despertou a compaixão de
governos, bancos privados, celebridades, empresas e pessoas comuns que
decidiram envolver-se de alguma forma enquanto o mundo assistia
aterrorizado a histórias pessoais e coletivas dos que ficaram vivos,
sendo impactado por frases como a de um jovem haitiano que perdeu mãe e
irmã:
“Os que sobreviveram caminham como se estivessem mortos”.
Grupos de ajuda foram formados e, de acordo com suas especialidades,
doaram recursos, comida, remédios, tempo e solidariedade ao povo
haitiano. A Igreja de Cristo não permaneceu inerte à situação. Muitas
agências missionárias, juntas e congregações estiveram presentes no país
por meio de auxilio e voluntários; atos de bondade num território de
dor!
O HAITI DE HOJE
Mais de um ano depois daquele fatídico dia, o mundo percorre seu
trajeto, e uma indagação discreta ainda assola o coração de alguns:
E O HAITI? Um sobrevivente parece ter ouvido e responde:
“O Haiti deixou de ser notícia, as pessoas estão esquecendo-se de nós”.
– Como estará hoje o país que fez milhões de pessoas chorar?
– Como caminham pelas ruas os órfãos que, mesmo antes da tragédia, já somavam mais de 380 mil?
– Como sobrevivem hoje à fome e à sede se, antes do terremoto, os
haitianos já estavam acostumados a comer “biscoitos de terra”, uma
mistura de terra, água, sal e manteiga, comumente encontrados em feiras e
mercados a céu aberto.
– Qual é a esperança que possuem se, segundo Edmund Mulet, o chefe
interino da missão ONU no Haiti, levará décadas para o país ser
reconstruído:
“Acredito que serão necessárias muitas
décadas, em vez de apenas dez anos. Este foi um enorme retrocesso no
desenvolvimento do Haiti. Não vamos começar do zero, vamos começar
abaixo do zero”.
– E o surto de cólera, os milhares que vivem em barracas, a desnutrição, a crescente violência, os escombros?
É correto que nos calemos diante dessa realidade atual e cruel? Obviamente, a resposta é NÃO. Então, o que podemos fazer?
Cônscio de sua responsabilidade cristã, social e humanitária, um
modesto grupo de brasileiros decidiu arregaçar as mangas e partir rumo
ao Haiti de hoje com um objetivo simples: contribuir com a reconstrução,
ora com a mão na massa, ora com o choro solidário e o abraço amigo. A
viagem reservaria experiências jamais imaginadas que, por sua vez,
trariam mudanças visíveis…
CANAAN: SEM LEITE E SEM MEL
Atualmente, milhares de haitianos vivem em acampamentos de
desabrigados, levantados de forma espontânea e sem nenhum tipo de
planejamento. O resultado é sentido na ausência de infraestrutura: não
há água potável ou eletricidade, banheiros ou serviço de saúde.
Canaan é um desses lugares! O nome não inspira a realidade: um lugar
aberto, próximo às montanhas nas imediações de Porto Príncipe, com pouca
vegetação ou casas construídas, apenas barracas de lona que abrigam
famílias que podem chegar, em média, a oito ou nove pessoas. Em meio às
ruas empoeiradas, caminham crianças famintas, adultos sem trabalho,
famílias que perderam tudo e que lutam por sua dignidade num ambiente
sem esperança!
Foi a primeira parada da
EQUIPE MÃOS (
Ministrando em Amor, Oração e
Serviço) em sua viagem no mês de novembro de 2010. Ali, numa semana de
trabalho, foi erguida uma igreja de madeira (substituindo a antiga lona
velha no local de reuniões), foi construído um banheiro, e um poço
artesiano foi perfurado para saciar a sede de cerca de 3 mil pessoas.
Milagres aconteceram: o poço perfurado, que, no primeiro momento,
jorrou água salgada (o Haiti fica no nível do mar), foi recebido pelos
desabrigados com alegria seguida de desapontamento. A igreja do
acampamento não se deu por vencida e começou a orar por uma intervenção
divina. Resultado: a água tornou-se potável!
A SEGUNDA VIAGEM
O nível de desafios e o impacto da primeira viagem levaram à formação
de uma segunda turma da EQUIPE MÃOS para o Haiti com o
intuito de
construir uma escola e investir recursos na perfuração de novos poços
artesianos. A equipe deixou o Brasil em maio de 2011 com 12 integrantes,
rumo ao acampamento de Camp Corail, onde uma escola seria erguida.
No caminho, a equipe passou por Gressier, uma vila situada a oeste do
país.
Ali, um pastor local clamou por ajuda. Cerca de 200 cristãos
estavam se reunindo em condições precárias, porque o terremoto havia
devastado tudo. O pedido do pastor era para que a equipe levantasse um
lugar para que eles pudessem cultuar ao Senhor juntos. Os três dias
seguintes foram de muito trabalho, e, no final, a equipe ouviu do pastor
haitiano:
“A construção de nossa igreja é a realização de um sonho e a resposta de muitas orações; muito obrigado”.
A viagem continuou, e a chegada em Camp Corail trouxe surpresas. O
local é um dos poucos acampamentos oficiais do governo, mas, à
semelhança dos demais, sofre com todas as dificuldades ligadas a um país
devastado.
A escola seria construída a pedido do
Pastor Maxis Blanc, um
professor haitiano visionário que começou um trabalho educacional
paralelo ao evangelismo local.
Cerca de 200 crianças são alfabetizadas
por ele, recebem noções de higiene e uma porção de comida diária. As
crianças eram atendidas numa construção cercada por uma lona, construção
essa que foi varrida pouco depois de levantada por um temporal.
O
comentário das autoridades locais era que os cristãos não se preocupavam com a parte social da comunidade.
Sem recursos financeiros, Maxis
empenhou-se em orar para que, de
alguma forma, Deus pudesse mudar a situação. A chegada da equipe com a
proposta da construção da escola reacendeu a esperança.
Foram dez dias de trabalho pesado. De acordo com um dos integrantes:
“Levantávamos
por volta das 6 horas da manhã, tomávamos o nosso café, tirávamos um
tempo juntos na Palavra e na oração e, então, começávamos a trabalhar:
nivelando o terreno, marcando, cavando buracos para as colunas, cortando
madeiras, preparando a massa. O trabalho era árduo e estendia-se até o
pôr do sol, quando a falta de energia nos obrigava a parar. Com pequenos
intervalos para comer, o final do dia era sempre marcado por um culto,
e, apesar do nosso cansaço, éramos muito renovados com a alegria do
povo”.
O trabalho teve um desfecho que marcou toda a comunidade: um espaço
com capacidade de atender em torno de 400 crianças. Quem, além do
Senhor, poderá dimensionar o fruto desse trabalho na vida de uma nova
geração de crianças e adolescentes haitianos?
MARCAS
É impossível explicar as marcas deixadas no coração do homem quando este se doa ao seu semelhante!
Quando perguntei, a um dos integrantes da equipe, que cenas ficaram
em sua memória, ele me contou sobre uma viagem que fez pelo interior do
país com a equipe. À margem da estrada, avistaram uma criança
entre 10 e
11 anos arrastando-se entre as pedras, nua e esquelética. A criança
dava seus últimos suspiros de vida.
A fome fazia mais uma vítima.
Para outro membro da equipe, Vitor Guilherme, um adolescente de 15
anos, o que mais o tocou foi a igreja haitiana. Suspirando fundo,
comentou:
“Sentíamos muito a presença de Deus na igreja. O
louvor era forte apesar dos instrumentos musicais serem precários. A
alegria do povo é algo que jamais esquecerei. Cantavam músicas de
gratidão e declaravam Cristo vencedor. O que mais me intrigava era ver
ali reunidos órfãos, viúvas, pessoas que não tinham onde morar, que não
sabiam se comeriam no dia seguinte, e perceber, ainda assim, uma
atmosfera de adoração. Não pude deixar de comparar isso à minha
realidade no Brasil onde temos tanta abundância, a toda hora, porém sem
gratidão em nosso coração”.
Após duas semanas, a segunda turma da EQUIPE MÃOS
deixou o Haiti,
emocionada com o choro das crianças que se agarravam a eles, pedindo, no
dialeto local, que não fossem embora.
Dentro de cada um, a certeza de que jamais seriam as mesmas pessoas e
o forte desejo de avançar oferecendo a vida a Cristo a fim de ver o
HAITI incluído entre a numerosa multidão que dirá: “
Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus…”
QUEREMOS VOCÊ CONOSCO:
A EQUIPE MÃOS (Ministrando em Amor, Oração e Serviço) entende que o trabalho no Haiti está apenas começando; há muito a fazer.
Uma nova turma está sendo formada para voltar ao país ainda este ano (
8 a 15 de novembro). O desafio é abrangente:
– pessoas que atuem na área da construção civil, para terminar a escola em Camp Corail e construir mais uma igreja;
– pessoas que atuem na área da saúde para um trabalho de atendimento aos moradores dos campos de sobreviventes;
– pessoas que trabalhem com crianças. Há um número incontável que precisa ser alcançado pelo Evangelho de Cristo;
– pessoas que se disponibilizem a cozinhar para a equipe, conscientes de que a comida é escassa;
– recursos financeiros para a compra de materiais de
construção, bem como para a contratação de alguns cidadãos do país para
ajudarem no trabalho;
– recursos financeiros para a perfuração de novos poços artesianos (a
perfuração de um poço com a bomba fica em torno de 2.200 dólares).
QUE TAL FAZER PARTE DISSO?!
Maiores informações:
Pr. Paulo de Oliveira
(62) 3224.1503 / (62) 8124.3198 – Goiânia / GO
E-mail: equipemaos@hotmail.com
Igreja Batista da Paz
Eu chorei o tempo inteiro ouvindo e lendo sobre o que está
acontecendo com o Haiti ,com o povo, as crianças,
as famílias, o Corpo de Cristo... um CAOS.
Meu coração pulou de alegria em ir quando li pela
primeira vez: QUE TAL FAZER PARTE DISSO?
Quando li a lista de habilidades específicas, Chorei mais ainda.
Porque gastamos nossas vidas com coisas/cursos que não servem para
salvar vidas e semear em solo destruído como Neemias e onde não há
fundamentos de outros como diria Paulo. Por que??
Com muita dor no coração: HADASSA Ben HaShem
Conclamo você noiva que é agaraciada com alguma
destas capacidades específicas: Busque o PAI e deixe
Ele te mostrar sua cidade totalmente destruída, sua
famíla sem nada e as crianças dando seu último
suspiro pois a fome fez mais uma vítima.
Um terremoto deixou o lugar onde você e sua
família viveram por toda vida 'sem forma e vazio'
mas com sobreviventes (até quando) em meio a
desolação.
CLAMO PELA NOIVA! Abra seu coração e vá.
"QUE O CORDEIRO IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA POR SEUS SOFRIMENTOS."