domingo, 31 de outubro de 2010

“Deus quer que os JOVENS vençam o mundo e não no mundo”. Quer que sejam sal e luz, que TRANSFORMEM o mundo.

** http://www.revistaimpacto.com.br/?modulo=materia&id=553 **
Não é novidade alguma afirmar que o período de transição, a fase chamada de adolescência, tornou-se fundamental na vida de uma pessoa. É nele que se determinam rumos que geralmente serão mantidos durante o resto da vida. São anos de formação, decisão, definição.



É muito importante que as implicações dessa fase sejam levadas a sério pelas famílias e pela igreja. Enquanto ignoramos a verdade sobre a adolescência, nossos jovens estão sendo conduzidos a uma realidade de completa vulnerabilidade ao que o mundo lhes oferece. Justamente quando os hormônios estão produzindo tantas mudanças, o mundo lhes apresenta um constante e intenso apelo à sexualidade. Exatamente quando surgem as dúvidas existenciais, não há quem os ouça com atenção e tenha disposição de guiá-los até as respostas de que precisam. No momento em que eles se veem diante de grandes decisões, também percebem que não têm instrumentos para decidir corretamente porque ninguém os levou a sério.



Os dois principais ambientes que podem ajudar a suprir as necessidades dos adolescentes são a família e a igreja.



Pais espirituais



Não há tarefa mais especial do que ser pai e mãe. Já que vamos a Deus por causa de tantas outras coisas, por que não o buscamos também – como Pai – para saber como agir com nossos filhos?



Pais espirituais oram todos os dias pelos filhos; procuram saber qual é o projeto de Deus para eles e não abrem mão de ajudá-los a cumpri-lo. Pais espirituais participam das decisões dos filhos com exortação, conselho e amor. Pais carnais dizem que filhos crescidos devem se virar sozinhos. No Reino, nunca devemos agir sozinhos; não importa a idade ou a maturidade, sempre precisamos uns dos outros. Nossos filhos precisam de nós.



Um alerta: ser espiritual é muito diferente de ser religioso. Pais religiosos parecem santos; os espirituais buscam realmente ser como Jesus. Pais religiosos espantam os filhos; os espirituais os atraem. Precisamos ter uma vida cristã cheia da paz, da justiça e do gozo que caracterizam o Reino. Isso atrairá nossos filhos e os manterá seguros no ambiente agradável de casa proporcionado pela presença do Espírito.



Com a consciência de que criar filhos é uma tarefa que requer espiritualidade, trate de maneira espiritual as mudanças naturais que seus filhos vivem. Não se deve ver pecado em tudo como faz o típico religioso; procure ver Deus e o seu propósito em tudo, e guie os filhos nessa direção. A puberdade, os hormônios, as mudanças no corpo, o interesse sexual – Deus tem um propósito para essas coisas. Conheça-o e ajude seu filho a se guardar para ele.



Acima de tudo, creia. É verdade que devemos fazer tudo o que o Pai nos manda, mas precisamos pôr nossa fé nele e não em nossa obediência. Nossa fé precisa estar no Filho de Deus que nos amou e a si mesmo se entregou por nós (Gl 2.20). Essa atitude nos ajudará a permanecermos fiéis quando surgirem as crises. Ainda que os filhos enfrentem problemas, nossa fé no Filho, em seu amor e na sua cruz nos ajudará a perseverar e receber o cumprimento das promessas do Senhor.



Pais que ajudam a descobrir a missão dos filhos



Há três decisões importantes na vida de um jovem: missão, profissão e casamento. Essas decisões são espirituais, têm implicações eternas e devem ser consideradas nessa ordem. Pais espirituais fazem a pergunta dos pais de Sansão:



Então disse Manoá: Quando se cumprirem as tuas palavras, qual será o modo de viver do menino, e o seu serviço? (Jz 13.12).



Essa é uma pergunta sobre missão. Manoá e sua esposa queriam ser guiados por Deus na educação de um filho que tinha um chamado especial. Seus filhos também foram chamados! Você sabe para quê? A resposta a essa pergunta lhe dirá como deve criá-los, como devem viver.



A maioria dos pais pensa primeiro na profissão e trabalha duro para que os filhos vençam no mundo. Como afirma o querido irmão Jamê Nobre: “Deus quer que eles vençam o mundo e não no mundo”. Quer que sejam sal e luz, que transtornem o mundo.



A maioria dos filhos pensa muito mais no terceiro assunto – não em casamento, infelizmente, mas em namoro. Acabam envolvendo-se com alguém do sexo oposto antes de se envolverem com seu chamado. Às vezes, interessam-se por estudo e profissão, mas raramente experimentam na juventude a preciosidade de envolver-se com o chamado pessoal do Senhor para eles.



Isso está errado! Nossos filhos devem descobrir conosco o chamado de Deus para eles. Esse deve ser o motivo da profissão e o critério para se procurar o cônjuge. Pais espirituais ajudam os filhos a encontrarem, no Senhor, essas respostas e a andarem nelas. Pais carnais deixam os filhos descobrirem sozinhos, porque não discernem essas coisas espiritualmente.

Nos países considerados de primeiro mundo, os pais, muito cedo, deixam os filhos agirem e decidirem conforme seus próprios pensamentos. Isso é maldade. A juventude desses países não é melhor por isso; aliás, é muito pior. O mundo cobra decisões, mas não ensina a tomá-las corretamente. Pais espirituais pastoreiam os filhos para que aprendam a ouvir Deus e a tornar-se homens e mulheres guiados pelo Espírito Santo.



Pais amigos



A amizade com os filhos se conquista com afeto e coerência. Filhos amados e guiados pelo exemplo e sabedoria dos pais os reconhecerão como amigos. A amizade permite o diálogo aberto que ajuda a evitar decisões erradas. Há muitos problemas considerados normais na adolescência que são, na verdade, consequências do péssimo relacionamento entre pais e filhos. Vícios, violência e outros “desvios de comportamento” poderiam ser evitados se os filhos pudessem conversar com os pais sobre tudo; sobre sentimentos, pensamentos, tentações e ansiedades.



O problema é que muitos pais “não têm tempo”. Filhos precisam de qualidade e quantidade de tempo. Relacionamentos não acontecem, são construídos. É preciso estar junto, conviver, conversar, relacionar-se. Sugiro uma avaliação de nossas rotinas e prioridades. Será que podemos viver com menos dinheiro a fim de ter mais relacionamento com os filhos? Será que não vale a pena deixar de almejar as riquezas e cuidar da herança que já recebemos (Sl 127.3)?



Família, viva como igreja!



Um jovem cristão me disse, certa vez, que quando comparava sua casa com a casa de seus amigos não cristãos, sentia que eram eles que tinham mais alegria. Quando crescem, as crianças deixam de ter um olhar ingênuo e passam a perceber e questionar o que veem. Infelizmente, as famílias têm sido um lugar de decepção e frustração para muitos jovens. O ambiente familiar hostil e nada espiritual tem afastado nossos filhos do lugar que mais deveria protegê-los.



Nossa casa precisa ser o melhor lugar do mundo para eles. Para isso, temos de trazer o viver da igreja de volta ao lar. Quando nossa casa for como igreja, nossos filhos voltarão a sentir-se bem nos demais ambientes da igreja. Caso contrário, continuaremos a conviver com pais “crentes” e filhos “desviados”.



Casas que funcionam como igreja são famílias que vivem o verdadeiro evangelho e cultivam a presença de Deus. São casas onde não se professa uma religião, mas se experimenta uma relação pessoal, informal e prazerosa com Jesus. A tradição religiosa fez com que os princípios bíblicos fossem aplicados apenas nos “momentos de culto”. Na “igreja” se vive de um jeito e na casa, de outro. Os filhos percebem tudo e acabam por revoltar-se contra a forma religiosa e errada de igreja que conhecem.



Quando Deus planejou a igreja, criou a família. Igreja e família são, portanto, dimensões diferentes do mesmo organismo. Tudo o que está escrito sobre o viver da igreja deveria ser vivido em família; afinal, igreja são pessoas e não instituições e prédios.



Por exemplo, em Mateus 18.20 está escrito: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Normalmente, utiliza-se esse texto quando há poucos presentes em reuniões de oração com o fim de animar as pessoas a orarem. Mas qual é o lugar onde, desde seu surgimento, só tem duas ou três pessoas? Onde há pelo menos um casal unido em nome de Jesus? Na família. Portanto, Deus quer estar no meio dos casais, entre pais e filhos, unindo irmãos.



Se igreja é casa de Deus, a família precisa ser o lugar onde se experimenta a presença de Deus; se igreja é Corpo de Cristo, a família precisa ser o ambiente em que os dons são utilizados para edificação mútua; se igreja é família de Deus, cada lar tem um Pai soberano para dar direção e distribuir os recursos como quer.



A nova geração não tolera mornidão e hipocrisia. Está cansada de religião e cercada pelo mundo. Casas cheias da presença de Deus, fundamentadas na verdade do evangelho e recheadas com o genuíno amor do Pai, são como montes altos para onde nossos jovens podem correr e equipar-se para a hostil peregrinação nesta Terra.



Igreja, viva como família!



Muitos pastores tentam produzir um ambiente atrativo para o jovem por meio de uma programação direcionada. Esse é um desejo louvável, mas perigoso. Igreja são pessoas. Uma igreja atraente são pessoas cheias da vida de Jesus. O Senhor disse que atrairia todos a si mesmo quando fosse levantado da terra (Jo 12.32). Para ser uma igreja atraente, é preciso começar a viver e pregar Jesus Cristo crucificado (1 Co 2.2). O verdadeiro evangelho é o poder de Deus. Atividades podem atrair os jovens às reuniões, mas não os prenderão em Cristo. Uma comunhão genuína com o Corpo, isso sim, prende ao Cabeça.



Precisa haver estratégias que exponham os jovens ao Espírito Santo num ambiente de relacionamento entre iguais e também em ambientes transgeracionais. É assim que toda boa família funciona.



Não quero apresentar modelos de ministério a jovens, mas quero defender um estilo de vida de igreja que é atraente a qualquer pessoa de qualquer idade: amor e verdade. Deus é amor e seu Filho é a verdade. A igreja deve ser uma família marcada pelas características do Pai e do Filho. Uma igreja assim segue o modelo da Trindade: Pai, Filho e Ajudador (Espírito Santo). A igreja é a grande família de Deus na qual ele se manifesta por intermédio de muitos pais, muitos filhos, muitas ajudadoras e muitos irmãos. Assim, qualquer pessoa que passa a fazer parte da igreja encontra uma família completa. É assim que Deus faz o solitário habitar em família (Sl 68.6)!



Quantos jovens feridos pelo abandono podem ser curados na igreja! Quantas moças marcadas pelo mundo podem ser saradas na família de Deus! Quanta fúria e amargura da juventude transviada de hoje podem ser aplacadas pelo amor e pela verdade de Cristo em sua igreja! As famílias da igreja precisam ser o lugar onde nossos filhos fazem amizades, onde são guardados e preparados para enfrentar o mundo. Precisamos juntar, em nossas casas, as forças da Palavra e da oração em comunhão para que nossos jovens conheçam o Senhor. Se eles o conhecerem, serão tão atraídos a ele que não conseguirão deixá-lo.



Nesse ambiente, Deus poderá levantar pessoas que tenham graça para ajudar a nova geração a conhecer a Cristo e a viver toda a plenitude e alegria de seu Reino – pessoas com dons, com um jeito de ser, uma história de vida e uma linguagem que lhes permitam acessar o coração dos jovens. Tais pessoas nunca devem (nem podem) substituir os pais. Podem, entretanto, cooperar com a família natural agindo como pais espirituais. Os pais são responsáveis pelos filhos, mas não podem fazer isso sozinhos. A igreja é a família de Deus. Deus reparte dons com pessoas que podem ser pais que ajudam outros pais.



O mundo descobriu como doutrinar os jovens em seus sofismas. Gerações inteiras têm sido perdidas por causa disso. Como igreja, precisamos considerar as peculiaridades deste momento da história para saber as situações pela quais os jovens estão passando e oferecer-lhes um lugar de amor, ensino e alegria a fim de poderem abrir-se e ser pastoreados. Essa necessidade deve levar-nos a ouvir de Deus como alcançar o coração da nova geração.



Há 19 anos, tenho estado com jovens em diversas partes do Brasil. Estive em congregações que tinham um trabalho específico com jovens e em outras que não tinham. O problema daquelas que têm atividades separadas é que departamentalizam a família em “ministérios”. Isso acaba favorecendo a fragmentação da família que Deus criou para ser uma unidade e não um conjunto de indivíduos isolados. Além disso, não se pode ajudar um jovem sem considerá-lo em seu contexto familiar.



As congregações que não têm trabalho específico com jovens, por outro lado, erram por desconsiderar a necessidade de oferecer relacionamentos fora da família que cooperem com os pais no papel de guiar os filhos a Jesus. Nenhum de nós consegue, sozinho, cumprir cabalmente o chamado para cuidar dos filhos. Por isso, a igreja é um corpo de muitas partes e cada uma delas tem capacidades, dons e graça para ajudar as demais.



Penso que a igreja deve investir em práticas com jovens que considerem o contexto social, espiritual e familiar em que vivem. Pastores que ajudem os pais na condução das ovelhinhas do Senhor ao projeto que tem para elas. Estratégias que utilizem o contexto do jovem para ensiná-lo a viver tudo o que qualquer filho de Deus de qualquer época e idade tem o privilégio de viver.



É importante que nossos filhos tenham amigos espirituais com quem possam conviver e crescer no Senhor; gente que compreenda o tempo e os conflitos em que vivem. Mesmo no mundo individualista em que estamos, sempre surgem os candidatos a amigos. Deus pode alcançar pessoas perdidas por meio de amizades com os jovens que já foram transformados. É essencial, porém, que antes sejam fortalecidos e edificados com amizades saudáveis na família de Deus.
por Tony Felicio

POSTADO por : Dani Porchat

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