sábado, 25 de junho de 2011

Onde Estavam o Amor e a Misericórdia? Série História da igreja

A História do Anti-Semitismo Cristão

  •        Você sabia que a igreja, em seus primórdios, era predominantemente judaica?
  •        O que aconteceu que levou a igreja a romper com as raízes judaicas e criar
    quase que uma igreja totalmente de gentios?
  •        Por que a igreja decretou tantas leis anti-judaicas?
  •        É o povo judeu "assassino de Cristo", como alguns os têm chamado?
  •        A igreja tomou o lugar de Israel?
  •        Por que eventos históricos como as Cruzadas e Inquisição se preocupavam em perseguir os judeus?
  •        Você sabia que Martinho Lutero tinha um relacionamento   bastante positivo com a Comunidade Judaica, e depois veio a se tornar um dos anti-semitas mais desprezíveis na história?
  •        Você sabia que Adolph Hitler encontrou precedentes para suas ações direto dos anais da história da igreja?
  •        O que podemos fazer para mudar os últimos 1.800 anos de atitudes e ações históricas anti-semitas da igreja?
Nós, cristãos, cantamos o corinho: "Eles saberão que somos cristãos, pelo nosso amor, pelo nosso amor..." Em Romanos 11, Paulo fala aos gentios cristãos acerca de nosso relacionamento com relação ao povo judeu. Ele diz para não sermos "arrogantes com respeito a eles (v.20)", que eles são "amados por causa dos patriarcas (v.28)" e que "através da [nossa] misericórdia, eles alcancem misericórdia (v.31)." Infelizmente, a comunidade judaica tem vivido bem perto dos cristãos nos últimos 1.900 anos, e raramente sente amor ou respeito por parte dos cristãos ou do Cristianismo. Para a maioria, no entanto, recebeu ódio, desprezo, perseguição e até mesmo a morte das mãos dos cristãos. Onde estava o amor e a misericórdia?
Geralmente, muito pouco desta história viva e trágica é conhecida pela maioria dos cristãos. Mas, ela é bem conhecida pela comunidade judaica, uma vez que eles lembram claramente os tristes capítulos desta história. Ao invés de demonstrar amor e misericórdia ao povo judeu, muitos cristãos transformaram a cruz em espada contra os judeus. Foi dito pelo Dr. Edward Flannery, em seu livro, The Anguish of the Jews ( A Agonia dos Judeus), que os únicos capítulos da história cristã conhecidas pelos judeus, foram registrados nas páginas que a igreja arrancou dos livros de história e a queimou. Quando estava pesquisando a respeito deste artigo, verifiquei volumes e mais volumes de livros, enciclopédias e dicionários da história da igreja, e quase não foi possível encontrar referência acerca da grande quantidade de material escrito pela igreja contra o povo judeu. Eles existem como parte dos procedimentos e conclusões da maioria do concílio da igreja e promulgam até este século, mas muitos escritores preferiram não escrever sobre estas passagens por não ser lisonjeiro. Antes, temos varrido tudo isto para debaixo do tapete por se tratar de algo bastante difícil de se lidar.
É por isto que eu gostaria de fazer algo um pouco diferente nos próximos dois estudos. Ao invés de nos determos em uma interpretação e entendimento corretos das Escrituras, vamos ver os resultados das interpretações  erradas e, da destruição e confusão provocadas. Por ser algo de tamanha importância para o relacionamento cristão com Israel e a comunidade judaica, é bastante importante estudarmos sobre isto juntos. Mesmo sendo um tópico muito longo, posso assegurálo de que não ficará entediado.
Quando examinamos os últimos 2.000 anos na perspectiva histórica, posso afirmar com segurança que organizações e indivíduos cristãos que expressam solidariedade com o povo judeu, e que tem ensinado a igreja a respeito das raízes judaicas da fé cristã, são uma raridade histórica. Deixeme colocar algumas avaliações em perspectiva: Durante aproximadamente 1.800 dos quase 2.000 anos de história da igreja, qualquer tentativa de ensinar os cristãos sobre judeus, judaísmo, raízes, as festas levíticas, resultava em cristãos sujeitos a falatórios impiedosos ou na melhor das hipóteses, excomunhão e em muitos casos, morte. E qualquer membro da comunidade judaica que participasse seria considerado traidor e seria penalizado pelas autoridades da igreja com punição e até morte. Certamente um artigo deste tipo não era permitido. A história é algo complexo ( e houve certos momentos históricos de liberdade religiosa), e esta consideração pode ser encarada como uma generalização precisa. Felizmente, hoje somos livres para discutir as raízes judaicas do Cristianismo, tanto quanto nossos tristes registros contra os judeus, sem vingança. Podemos até nos juntar a eles para aprendermos um do outro acerca destes tópicos. A mudança é definitivamente positiva.
Este estudo não é simplesmente uma mera lição de história, mas uma lição na história. Além do mais, não quero infligir culpa em ninguém, uma vez que somos exceções da regra histórica. Por outro lado, estou tentando incluir um senso de responsabilidade, para que jamais permitamos que a história se repita.
Nesta apresentação, estarei me referindo aos sacerdotes da igreja primitiva, à Igreja Católica, Martinho Lutero e outros líderes da igreja. Por favor, não se sinta ofendido pelos fatos históricos apresentados. Eles estarão sendo apresentados para nos ajudar a aprender, crescer e prosseguir em nossa caminhada de fé, e não insultar nenhum tipo de denominação ou grupo. Então, comecemos nossa viagem rumo ao entendimento.

Os Primeiros Quatro Séculos d.c.

No primeiro século d.C., a igreja estava bastante ligada às suas raízes judaicas, e Jesus não pretendia que fosse de outra forma. Além disso, Jesus é judeu e a base de seus ensinamentos é consistente com as Escrituras hebraicas. Em Mateus 5:17-18, Ele afirma: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem , nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra." É sabido também que os autores do Novo Testamento, com exceção de Lucas, eram judeus. Os apóstolos e os primeiros discípulos eram judeus. Eles adoravam no Shabbat, celebravam as festas e freqüentavam a sinagoga. Até mesmo a membresia da igreja primitiva em Jerusalém e arredores, Judéia, Samaria e Galiléia era predominantemente judaica. Nós sabemos, por exemplo, que nome de pessoas não judias apareceram na liderança da igreja de Jerusalém somente após 135 d.C., quando então aparece um nome grego. A seguir veremos porque isto aconteceu.

Congregações em outras partes do Império Romano também tinham raízes judaicas e hebraicas relativamente fortes, uma vez que a raiz de sua crença vinha da Escola de Pensamento de Jerusalém. E isto era ilustrado pelos nomes de muitas das epístolas do Novo Testamento: As cartas aos Coríntios, Romanos, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e Tessalonicenses originaram da comunidade de Jerusalém. Os autores das outras epístolas estavam também ligados à congregação judaico-cristã em Jerusalém.
Antes da Primeira Revolta Judaica no ano 66 d.C., o cristianismo era basicamente um secto do Judaísmo, bem como os fariseus, saduceus e essênios. Os cristãos eram também conhecidos como nazarenos. Antes da revolta mencionada, que terminou com a destruição do Segundo Templo e também de Jerusalém pelos romanos no ano 70 d.C., houve então espaço para debate dentro do Judaísmo na movimentada e cosmopolitana cidade de Jerusalém. Então, o que exatamente causou a divisão entre cristãos e comunidades judaicas, e que subsiste até hoje?

A SEPARAÇÃO COMEÇA: 

Inicialmente, tudo começou como resultado de diferenças sociais e religiosas. De acordo com o livro de David Raush, A Legacy of Hatred (Um Legado de Ódio), houve vários fatores que contribuíram: 1) A intrusão romana na Judéia e a ampla aceitação do Cristianismo pelos gentios, complicaram a história do Cristianismo judeu; 2) As guerras romanas contra os judeus não somente destruíram o Templo e Jerusalém, mas também levou Jerusalém a abrir mão de sua posição como centro da fé cristã no mundo romano, e; 3) Uma rápida aceitação do Cristianismo entre os gentios levou a um conflito entre a igreja e a sinagoga. As viagens missionárias de Paulo levaram a fé cristã ao mundo gentio, uma vez que o número deles aumentou, e também sua influência, o que levou a uma separação do Cristianismo de suas raízes judaicas.
Muitos cristãos gentios interpretaram a destruição do Templo e de Jerusalém como um sinal de que Deus havia abandonado o Judaísmo, e que Ele tinha dado aos gentios a liberdade de desenvolver sua própria teologia cristã, livre da influência de Jerusalém. Infelizmente, os cristãos judeus se desassociaram da guerra contra os romanos e da tragédia que sobreveio à nação. Acreditando ser a guerra com os romanos um sinal do fim, eles fugiram para Pella, a leste do rio Jordão, deixando os companheiros judeus entregues a si mesmos.
Após a guerra e a destruição virtual de Jerusalém e do Templo, os sábios judeus que sobreviveram à vitória romana, se reuniram em Jabneh, uma cidade nas planícies de Sharom, perto de Joppa. Assim que entraram no período pós Templo, eles entenderam que havia uma necessidade de consolidar a prática do Judaísmo e halacha, ou lei. O Judaísmo adotou a Escola Bet Hillel de práticas rabínicas, o qual era mais próxima do secto do Judaísmo farisaico. Os ensinamentos farisaicos estavam mais interessados no relacionamento de cada pessoa com Deus, e encorajava as massas a uma santidade baseada numa observância cuidadosa do Torá, contrário aos saduceus que eram mais interessados na prática ritual do Templo. Embora o Judaísmo farisaico demonstrasse tolerância com os cristãos judeus ou nazarenos antes da destruição do Templo, aqueles que se achavam reunidos em Jabneh estavam buscando uma separação entre Cristianismo e Judaísmo.

A CONTRIBUIÇÃO DE ADRIANO:

Mais tarde, no ano de 132 d.C, quando o judeu Zealot, Bar Kochba, organizou a Segunda Revolta judaica contra Roma, os cristãos judeus tinham outra razão para não participar. Bar Kochba foi proclamado messias por Rabbi Akiva. Uma vez que os cristãos viram Jesus (Yeshua) como Messias, a participação deles na revolta sob a liderança de Bar Kochba seria considerado uma negação de sua crença. No ano de 135 d.C., quando a revolta foi esmagada pelo imperador romano Adriano, ele então expulsou todos os judeus de Jerusalém, permitindo que eles retornassem somente um dia por ano, durante o Tisha B'Av, este dia é separado para se lamentar a destruição do Templo. Esta proibição foi também para os judeus cristãos, e assim encontramos registrado um nome grego, pela primeira vez, na liderança da igreja em Jerusalém. Neste ponto, a influência hebraica da igreja em Jerusalém havia perdido para o mundo cristão, o qual influenciou a direção da igreja. Adriano também reconstruiu Jerusalém numa cidade romana, nomeandoa em sua própria homenagem, Aelia Capitolina, o sobrenome de sua família era Aelius. Ele se considerava um deus por seus feitos, e isto foi um grande insulto ao Deus de Israel, o qual escolheu Jerusalém como Sua cidade. Adriano também mudou o nome de Judéia, Samaria e Galiléia para Síria Palestina (Palestina), atribuindo assim à terra o nome que está relacionado com os arquiinimigos do povo judeu, os filisteus. Adriano fez isto na tentativa de  apagar qualquer relação judaica com a cidade de Jerusalém e a terra de Israel. Este legado continua assombrando Israel ainda hoje.

A SEPARAÇÃO DO CRISTIANISMO E DO JUDAÍSMO:

Neste momento a igreja já tinha se separado efetivamente do Judaísmo. O poder político e teológico mudou dos líderes cristãos judeus para os centros de liderança dos cristãos gentios tais como: Alexandria, Roma e Antioquia. É importante entender esta mudança porque ela influenciou os patriarcas da igreja a fazer declarações anti-judaicas, pelo fato do Cristianismo ter começado a se separar de suas raízes judaicas. Tendo se espalhado por toda a parte dentro do Império Romano, e tendo como membros uma grande quantia de não-judeus, pensamentos gregos e romanos começaram a se infiltrar e a mudar totalmente a orientação bíblica para um pensamento grego, não considerando o pensamento hebraico e judaico. Esta seria a causa das heresias que apareceram na igreja, algumas das quais ainda são praticadas hoje.
Após tomar caminhos diferentes, a distância entre o Cristianismo e o Judaísmo começou a se tornar cada vez maior. Os romanos suprimiram efetivamente o Judaísmo; entretanto, o Cristianismo se espalhava rapidamente. E esta se tornou a maior preocupação de Roma, e as últimas pressões políticas se tornavam a principal causa do distanciamento entre cristãos e judeus.
Sob a lei romana, o Judaísmo era considerado religio licita, uma religião legal, uma vez que esta precedeu Roma. Para que o Império Romano fosse unificado, todos eram obrigados a adorar e sacrificar aos deuses romanos, e isto  incluía o imperador, que era considerado um deus. Obviamente que os cristãos não aceitavam este tipo de adoração pagã, e então se recusavam a compactuar, o que resultava no enfurecimento da autoridade romana. O Cristianismo apareceu após Roma, e por isto era considerado religio ilicita. A prática do Cristianismo era passível de punição. Durante este tempo, encontramos cristãos sendo usados como objetos nos coliseus romanos, circos, como gladiadores ou até mesmo atirados para os leões e outras bestas. O Imperador Nero chegou até a usar alguns cristãos como tochas humanas para iluminar seu jardim à noite. Alguns cristãos foram mergulhados em asfalto, amarrados nos postes e incendiados. Como medida de segurança, o símbolo do peixe foi adotado pelos cristãos, ao invés do óbvio símbolo da cruz, como um sinal de identificação neste período. O anagrama grego do slogan, "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador" aparece nas letras da palavra ICTHUS, ou peixe em grego.
Na tentativa de aliviar esta perseguição, defensores do Cristianismo tentaram, em vão, convencer Roma de que o Cristianismo era uma extensão do Judaísmo. Entretanto, Roma não foi convencida. As perseguições e a frustração dos cristãos criaram um clima de animosidade com relação a comunidade judaica, a qual estava livre para adorar a Deus, sem perseguição. Mais tarde, quando a Igreja se tornou a religião do estado, as leis foram passadas contra os judeus em retribuição

A TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO: 

Esta animosidade refletiu nos escritos dos primeiros pais da igreja. Por exemplo: Justin Martyr (d.C. 160) falando a um judeu: "As escrituras não pertencem a vocês, mas a nós." Irineu, bispo de Lyon (d.C. 177) declarou: "Os judeus foram deserdados da graça de Deus." Tertuliano (d.C. 160-230), em seu tratado "contra os judeus", anunciou que Deus havia rejeitado os judeus em favor dos cristãos. Nos primórdios do 4o século, Eusébio escreveu que as promessas das Escrituras hebraicas eram para os cristãos e não para os judeus, e as maldições para os judeus. Ele afirmou que a igreja era a continuação do Velho Testamento e desta forma substituía o Judaísmo. A jovem igreja declarava ser a verdade de Israel, ou "Israel de acordo com o Espírito", herdeira das promessas divinas. Eles achavam essencial desacreditar o "Israel segundo a carne" para provar que Deus havia abandonado Seu povo e transferido Seu amor para os cristãos.
Desta forma, encontramos o princípio da TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO, a qual colocou a Igreja triunfante sobre Israel e o vencido Judaísmo. Esta teoria se tornou uma das principais fundações sobre as quais o anti-semitismo cristão se baseou, até mesmo nos dias de hoje. Por falar nisso, o Novo Testamento fala do relacionamento da igreja com Israel e suas alianças como sendo "enxertados", "aproximados" (Efésios 2:13), "descendência de Abraão (pela fé)" (Rom. 4:16), e "participantes" (Rom. 15:27), não usurpadores da aliança e substitutos do Israel físico. Nós, gentios cristãos, nos unimos ao que Deus tinha estado fazendo em Israel e Deus não quebrou Suas promessas com Israel (Rom.11:29).

A IGREJA TRIUNFANTE:

No começo do 4o século, um evento monumental ocorreu para a igreja. No ano 306 d.C., Constantino se tornou o primeiro imperador romano cristão. A princípio, ele tinha uma visão bastante pluralista e concedia aos judeus os mesmos direitos religiosos dos cristãos. Entretanto, no ano 321 d.C., ele decretou o Cristianismo como a religião oficial do Império. Isto marcou o fim da perseguição aos cristãos, mas o começo da discriminação e perseguição ao povo judeu. Já no ano 305 d.C., em Elvira (Espanha), declarações foram feitas para manter judeus e cristãos separados, incluindo ordens para que os cristãos não comessem com os judeus, não se casassem com judeus, não usassem os judeus para abençoar seus campos e não observassem o Sabbath.
A Roma Imperial, no ano de 313 d.C., lançou o Edito de Milão, o qual garantia favor ao Cristianismo, enquanto as sinagogas eram excluídas. A seguir, no ano 315 d.C., outro edito permitia que judeus fossem queimados caso fossem condenados por infringir as leis. Já que o Cristianismo estava se tornando a religião do Estado, leis futuras foram passadas contra os judeus:
  •         A jurisdição rabínica foi abolida e severamente  limitada;
  •         Proselitismo foi proibido e feito punição por morte;
  •         Judeus foram excluídos de abraçarem cargos burocráticos e   carreira militar.
Estas e outras restrições foram confirmadas repetidas vezes pelos vários conselheiros da Igreja nos 1000 anos seguintes.
No ano de 321 d.C., Constantino decretou que todo trabalho deveria cessar no "honrado dia do sol", substituindo, então, o Sábado pelo Domingo como sendo o dia que os cristãos deveriam adorar, ele avançou a separação ainda mais. Esta controvérsia do Sabbath judeu/Domingo cristão também surgiu no primeiro conselho ecumênico de Nicea (325 d.C.), o qual concluiu que o Domingo seria o dia de descanso, embora isto tenha sido bastante debatido após aquela data.
Da noite para o dia, o Cristianismo recebeu o poder do Estado Imperial, e os imperadores começaram a aplicar os conceitos e reinvidicações de teólogos cristãos contra os judeus e o Judaísmo na prática. Ao invés da Igreja aproveitar a oportunidade de espalhar a mensagem do evangelho em amor, ela verdadeiramente se tornou a Igreja Triunfante, pronta para acabar com seus adversários. Após o ano 321, os escritos dos Pais da Igreja mudaram seu conteúdo. Não era mais defensivo e apologético, mas agressivo, destilando seu veneno contra todos aqueles que estavam "fora do rebanho", em particular o povo judeu, os quais podiam ser encontrados em quase toda comunidade e nação.

A Idade Média

Vamos dar agora uma olhada nos próximos 700 anos de história, da época de Constantino até a Primeira Cruzada, em 1096 d.C.
Este período é conhecido como Idade Média ou Idade das Trevas. O Santo Império Romano buscava expandir a nova fé nas tribos pagãs da Europa ocidental, os ostrogodos ao norte e leste, os visigodos a oeste, e o Império Franco o qual incluía uma área que circunvizinha a França hoje. Durante este período, encontramos mais exemplos de preconceitos anti-semitas na literatura da Igreja escrita pelos líderes da igreja:
  •        Hilary de Poitiers (291-371 d.C.) escreveu: "Os judeus são um povo perverso, amaldiçoa  dos por Deus para sempre."
  •        Gregory de Hyssa (morreu em 394 d.C.), Bispo de Capadócia: "Os judeus são uma raça   de víboras, que odeiam a bondade..."
  •        São Jerônimo (374-407 d.C.) descreveu os judeus como "... serpentes, vestindo a    imagem de Judas, seus salmos e orações são como berro dos jumentos.
JOÃO CRISÓSTOMO: No final do 4o século, o bispo de Antioquia, João Crisóstomo, o grande orador, escreveu uma séria de oito sermões contra os judeus. Ele tinha visto cristãos conversando com o povo judeu, fazendo votos na frente da Arca e alguns estavam guardando as festas judaicas. Ele queria que isto parasse. Na tentativa de trazer seu povo de volta para o que ele chamava de "a fé verdadeira", os judeus se tornaram o alvo de seus sermões. Segundo ele, "a sinagoga não é somente um bordel e um teatro; mas também um covil de ladrões e um alojamento de bestasferas. Nenhum judeu adora a Deus... judeus são assassinos inveterados, possuídos pelo diabo, sua orgia e bebedice dão a eles os modos de um porco. Eles matam e mutilam uns aos outros..." Qualquer um pode ver que um judeu-cristão que quisesse continuar sua herança, ou um cristão gentio que quisesse aprender mais sobre o cristianismo, teria uma imensa dificuldade sob tanta pressão. Mais tarde, Crisóstomo procurou separar totalmente o Cristianismo do Judaísmo. Ele escreveu em seu 4o discurso, "Eu já disse o suficiente contra aqueles que dizem estar do nosso lado, mas estão ansiosos em seguir os costumes judaicos... é contra os judeus que quero armar minha batalha... judeus são abandonados por Deus e pelo crime de deidade, não há expiação possível."
Crisóstomo era conhecido por sua ardente pregação contra aquilo que ele julgava como ameaça ao seu rebanho, incluindo riqueza, diversão, privilégio e adornos exteriores. Entretanto, sua pregação contra a comunidade judaica, a qual ele acreditava ter uma influência negativa nos cristãos, é indesculpável e obviamente anti-semita em seu conteúdo.

OS ASSASSINOS DE CRISTO:

Outra infeliz contribuição que Crisóstomo fez ao anti-semitismo cristão, foi a de considerar todo o povo judeu culpado pela morte de Cristo. O rótulo de "assassinos de Cristo", aplicado ao povo judeu, foi reafirmado pelos anti-semitas pelos 16 séculos seguintes. Vamos dar uma olhada neste assunto por um momento e finalizálo de uma vez por todas. Para justificar este rótulo, Mateus 27:25 foi citado. Nesta passagem, o povo judeu é mostrado admitindo sua responsabilidade coletiva pela crucificação de Jesus, "E o povo todo respondeu: caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!"
Primeiro, a responsabilidade coletiva de todo um povo por todas as gerações não pode ser validado pelas palavras de alguns. Eles estavam falando por eles mesmos, não por todo o Israel ou por todo o povo judeu.
Segundo, se eles foram considerados responsáveis pela morte de Jesus por sua participação, então o mundo não-judeu é também culpado da mesma responsabilidade, pois foram os soldados romanos gentios que, na verdade, efetuaram a crucificação, pregaram os cravos em Jesus e O penduraram na cruz. Bem, se não todos os gentios, pelo menos podemos considerar isto contra todos os italianos!! Você pode agora ver quão absurdo é este argumento.
Terceiro, Jesus se deu pelos pecados da humanidade. Em última análise, foi o nosso pecado que o pregou na cruz ? não uma multidão de judeus ou um exército romano.
Quarto, antes de Jesus morrer, Ele disse: "Pai perdoalhes, pois não sabem o que fazem." (Lucas 23:34). Se Jesus perdoou a ambos, judeus e romanos, então quem somos nós para fazermos menos?

OS JUDEUS COMO UM POVO TESTEMUNHA:

Seguindo adiante neste período da Idade Média, encontramos alguns líderes da igreja perplexos. Se os judeus e o Judaísmo foram amaldiçoados por Deus, como foi ensinado por séculos, então como se explica sua existência?
Agostinho falou sobre este assunto em seu "sermão contra os judeus". Ele afirma que, embora os judeus merecessem a mais severa punição por ter levado Jesus à morte, eles têm sido mantidos vivos por Divina
Providência para servir, juntos com suas Escrituras, como testemunhas da verdade do Cristianismo. Sua existência foi futuramente justificada pelo serviço prestado à verdade cristã, em atestar através de sua humilhação, o triunfo da igreja sobre a sinagoga. Eles foram destinados a ser "povo testemunha"- escravos e servos que deveriam ser humilhados.
Os monarcas do Santo Império Romano consideravam os judeus como servos da câmara (servi camerae) e os utilizavam como bibliotecários escravos para guardar os estudos hebraicos. Eles também utilizavam os serviços dos judeus em um outro empreendimento ? usura de empréstimo de dinheiro.
O empréstimo de dinheiro era necessário para uma economia em crescimento. Entretanto, a usura era considerada como perigosa para a salvação eterna do cristão e era então proibida. Então, a igreja endossou a prática do empréstimo de dinheiro usado pelos judeus, pois, de acordo com o entendimento deles, as almas dos judeus estavam perdidas de todo jeito. Mais tarde, o povo judeu foi usado pelos países ocidentais como agentes de negócios no comércio e desta forma entendemos como o povo judeu encontrou o caminho das áreas bancárias e comerciais.
Por volta da Idade Média, o arsenal ideológico do anti-semitismo cristão estava completamente estabelecido. Isto foi mais tarde manifestado em uma variedade de eventos dentro da igreja, tais como o Patriarca Cyril, bispo de Alexandria que expulsou os judeus e deu suas propriedades para a plebe cristã. Do ponto de vista social, a deterioração da posição dos judeus na sociedade estava somente começando seu declínio. Durante este período, a "judeufobia" estava limitada ao clero que estava sempre tentando manter seu rebanho longe dos judeus. Entretanto, mais tarde, a crescente classe média viria a ser a principal fonte de atividade anti-semita.

Conclusão

Fizemos então uma revisão dos primeiros 1000 anos do cristianismo, eu penso que você pode perceber a tragédia que foi a quebra do relacionamento entre a igreja e o povo judeu. Paulo fala sobre eles em Romanos 11:28-31, "... amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis... (e que) pela sua misericórdia, eles alcancem misericórdia." Esta é uma mensagem que a igreja nunca pregou até recentemente.
Na segunda parte, daremos uma olhada nos outro 1000 anos de história da igreja em relação ao povo judeu. Descobriremos porque a igreja obrigou os judeus a usar crachás de identificação que os acusavam de "difamadores sanguinários" e "hóstias de profanadores" e os lançavam no gueto. Veremos também como os judeus sofreram com as Cruzadas, a Inquisição e a Reforma inspirada pelos escritos bastante anti-semitas de Martinho Lutero, os pogrons e o horror do holocausto.
Entendo que esta afirmação é bastante difícil de se ler, nós cristãos conheceremos agora o que muitos judeus já sabem sobre o Cristianismo e seu relacionamento com o povo judeu. Não é de se admirar que eles tenham medo de nós, não é verdade? Esta lição, enquanto histórica e pósbíblica, nos mostra como podemos usar mal as Escrituras. E, agora que o dano está feito, veremos na conclusão do nosso próximo estudo, algumas sugestões sobre o que podemos fazer para apresentar uma expressão positiva do Cristianismo para Israel e a comunidade judaica ao nosso redor.
No estudo anterior nós exploramos os primeiros 1.000 anos da história cristã em relação a Israel e ao povo judeu. Os primeiros 1.000 anos mostraram a judeufobia, a qual se limitava ao clérigo, que estava sempre preocupado em manter seu rebanho longe dos judeus. Entretanto, um pouco mais tarde a classe média crescente se tornaria a principal fonte das atividades anti-semitas, incitada pela Igreja e seus editos. O padrão havia sido estabelecido.
 Neste estudo, estaremos considerando as seguintes questões: . Por que eventos históricos tais como as Cruzadas e Inquisição se preocupavam em perseguir os judeus?
. Você sabia que Martinho Lutero era simpatizante em relação ao povo judeu e que veio a   ser mais tarde uma fonte vil de anti-semitismo? . Você sabia que Adolfo Hitler encontrou precedentes para suas ações contra o povo judeu  direto dos anais da história da Igreja?
Então, continuemos nossa caminhada neste rastro de desprezo

As Cruzadas

A Primeira Cruzada aconteceu no ano de 1096. Este foi um período de conflito para a Igreja Ocidental. Havia dois papas, um que era considerado antipapa, o qual estava reivindicando sua posição. Quando um deles morreu, o outro, Urbano II, precisava de uma causa que unisse o povo. Então, ele providenciou a Cruzada ou Guerra Santa, contra os mulçumanos que estavam perseguindo cristãos, profanando lugares santos e Jerusalém.
No verão de 1096 um bando de 200.000 camponeses e artesãos indisciplinados se reuniram na França. Todavia, não havia mulçumanos por perto. Então, os "campeões da cruz" voltaram sua atenção para os judeus, os quais, aos olhos deles, eram tão "infiéis" e inimigos do Cristianismo quanto os mulçumanos. Eles acharam que podiam começar a Cruzada naquele lugar. Crueldades ao invés de caridade, começaram então.
À medida que os membros das Cruzadas marchavam pela Europa a caminho da Terra Santa, eles literalmente estrupavam, saqueavam e roubavam as Comunidades Judaicas ao longo do caminho. Confrontados com os gritos selvagens das Cruzadas: "os judeus crucificaram nosso Salvador e eles devem voltar para Ele ou morrer," os judeus tinham a escolha de se batizar ou morrer. Milhares preferiram morrer como mártires. Uma vez que a Igreja  não sancionou oficialmente esta atividade, ela continuou e não houve esforços para detêla. Muitos clérigos e bispos locais deram proteção e refúgio aos judeus. Infelizmente, outros participaram nas execuções.
Por exemplo, em Mainz, na Alemanha, o arcebispo convidou 1.300 judeus para se refugiarem em seu palácio. Mas na verdade este foi um convite ao massacre, pois, sob a supervisão do arcebispo, todos foram mortos. Ele até dividiu os despojos confiscados dos corpos. Incidentalmente, o imperador Henrique IV ouviu a respeito do massacre, confiscou a propriedade do arcebispo e permitiu aos judeus que foram forçados a se batizarem, sob seu domínio, a retornarem ao Judaísmo.
Quando os membros das Cruzadas finalmente chegaram em Jerusalém, três anos mais tarde, estes eram em número de 600.000. Eles subjugaram e invadiram a cidade em 15 de julho de 1099, mataram todos os mulçumanos juntamente com muitos cristãos que foram confundidos com mulçumanos por causa de sua aparência. Após este fato os judeus foram confinados em suas sinagogas. Membros das Cruzadas com escudos decorados com cruzes enormes, colocaram lenha em volta das sinagogas e queimaram vivos todos que estavam lá dentro. Enquanto isto eles cantavam: "Cristo, nós te adoramos!"
Não é de se admirar que a cruz seja para o povo judeu, símbolo de ódio e morte, e não amor, reconciliação e salvação. A cruz foi literalmente usada como uma espada contra o povo judeu.
Ao todo, foram nove Cruzadas. A última aconteceu no ano de 1291, quando os mulçumanos, mais uma vez, tomaram posse da Terra Santa.

O Quarto Concílio Lateranense

Em 1215, aconteceu o Quarto Concílio Laterano da Igreja. Durante este período, a doutrina da Transubstancialização foi firmada. Esta doutrina afirma que a carne e o sangue de Cristo se tornam presentes no pão e vinho sagrados. A Igreja Católica crê nesta doutrina até os dias de hoje. Esta doutrina, associada a outras afirmações do Quarto Concílio Lateranense, se tornaram uma nova fonte de anti-semitismo cristão.

1) Profanação da hóstia: Durante muito tempo, circularam acusações de que a hóstia era profanada pelos judeus. A "calúnia de profanação da hóstia", dizia respeito ao fato de que judeus tentavam roubar a hóstia sagrada e então esfaqueála, atormentála e queimála num esforço de recrucificar a Cristo. Muitas estórias circulavam para ilustrar este fenômeno, particularmente na Alemanha, durante o período de 1400 a 1500. E este ensino não está morto.
Deixeme contar uma experiência pessoal. Nos meados de 1970, os filhos de um amigo católico chegaram em casa vindos de uma escola paroquial (em Boston) com a seguinte "história" contada por uma freira, que estava tentando ensinálos a ter respeito pela hóstia sagrada: "Um garoto católico e um judeu foram a uma igreja católica, daí o garoto judeu sugeriu ao seu colega cristão que roubassem uma hóstia. Eles a levaram para casa, entraram dentro de um armário e a prenderam com um prego. A hóstia então começou a sangrar e encheu todo o armário matando afogados os dois garotos." Esta é uma variação da velha acusação de difamação do sangue, especialmente quando o culpado da história é um judeu.
2) Difamação do Sangue: Uma ramificação da profanação da hóstia é a "difamação do sangue". Ela afirma que judeus matam não-judeus, particularmente cristãos, para obter sangue para a Páscoa ou outros rituais. Acreditavase que os judeus precisavam beber sangue cristão a fim de que sua aparência pudesse continuar humana. O sangue cristão, segundo eles, também ajudava a eliminar o distinto foetur judaicus, "cheiro de judeu", o qual era então transformado em "odor de santidade" possuído pelos cristãos. Uma outra versão desta acusação era que os judeus seqüestravam bebês cristãos, matavam e moíam seus corpos para fazer matza (pão não levedado) para a Páscoa. Essas calúnias podem ser refutadas por um mínimo de compreensão das leis de dietas judaicas. Ao povo judeu é proibido beber o sangue de qualquer animal, muito menos o sangue e carne humanos. O aparecimento de tais doutrinas mostra uma completa ignorância do estilo de vida do povo judeu, bem como uma falta de diálogo e relacionamento cristão-judaico.
Todavia, encontramos acusações como esta até aos dias atuais. Há algum tempo atrás, um jovem foi seqüestrado numa cidadezinha ao norte de Mineápolis. Joann Magnuson, nosso diretor de Educação do Bridges For Peace, nos EUA, tem uma cópia de um folheto no qual dizia que judeus haviam seqüestrado o garoto para ser usado em seus rituais durante a Páscoa. Parece absurdo que tal coisa ainda aconteça nos dias de hoje, mas o anti-semitismo não morre facilmente.
3) Marca Distintiva: Outro cânon promulgado pelo Quarto Concílio Laterano exigia que judeus tivessem uma marca distintiva. A forma desta marca variava dependendo do país, mas geralmente tinha a forma de botom ou de um chapéu de três pontas. Desta maneira, os cristãos podiam se prevenir de um contato inadvertido com o povo judeu. Até mesmo na arte medieval os judeus eram retratados tanto em pinturas como em trabalhos em madeira, usando um círculo em suas vestes ou um chapéu de três pontas.
Vale ressaltar que, durante este período, muitos leigos e autoridades eclesiásticas tentaram proteger a Comunidade Judaica da perseguição. Muitos dos atos anti-semitas estavam então sendo promovidos pela crescente classe média. Entretanto, suas atitudes eram baseadas nos ensinos da igreja do passado

A Inquisição

O próximo evento histórico que mancha a história mundial é a infame Inquisição, promovida pela Igreja, na Espanha e Portugal.
De acordo com a lei do Cânon, a Inquisição não estava autorizada a interferir nos negócios internos dos judeus, mas procurava cristãos heréticos que não haviam cumprido sua palavra. Entretanto, esta lei foi rescindida baseada no fato de que a simples presença judia desenvolvia a heresia nas comunidades cristãs.
Nos meados de 1400, a Inquisição Espanhola começou a identificar e processar os apóstatas da Igreja. E a partir daí se espalhou pela Comunidade Judaica também. Os primeiros foram às dezenas de milhares de judeus que haviam sido forçados a se batizar. Estes judeus que foram batizados eram conhecidos como convertidos ou novos cristãos. Por causa disto, eles eram considerados como cristãos e esperavase que se comportassem como tais, não tendo tido a opção de converteremse ou não. Se um rato fica preso dentro de uma lata de biscoitos, isto não faz dele um biscoito. Não se faz um cristão batizandoo à força. Muitos desses novos cristãos assumiram a fachada de cristão para poderem viver e trabalhar na sociedade cristã da Espanha e Portugal.
Outros se recusaram e foram perseguidos por sua fé. Muitos outros até praticavam seus costumes, tais como: acenderem velas na sextafeira à noite, trocavam o linho no Sabbath, se abstinham de carne de porco e peixes sem espinhas, observam os Dias de Festas, etc. De acordo com as leis da Inquisição, se alguém fosse pego praticando quaisquer dos 37 costumes judaicos, poderia ser trazido perante a corte da Inquisição. Os cristãos tinham que ficar atentos a qualquer um desses sinais e delatar qualquer apóstata. Uma vez diante da corte, não havia como escapar da punição:
  •        Se você confessasse e não se arrependesse, seria queimado vivo.
  •        Se você confessasse e se arrependesse, seria publicamente humilhado. E se tornasse a "errar" seria morto.
  •        Se você não confessasse, mesmo sendo inocente, seria torturado até que admitisse e então seria queimado.
A Igreja não tinha permissão para executar a vítima, daí esta era encaminhada para um ramo secular do tribunal da Inquisição. Não se podia derramar sangue, então, queimar seria a outra opção. Eles baseavam seus atos no texto do livro de João 15:6, "se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, como o ramo, e secará; tais ramos são apanhados, lançados no fogo e se queimam."
A propósito, todas as propriedades das vítimas eram confiscadas e com isto o tribunal da Inquisição se enriquecia cada vez mais.
Finalmente, os judeus praticantes (não convertidos) eram eventualmente trazidos para os tribunais, porque eram considerados judaizantes e representavam uma má influência para os convertidos. Eles eram então julgados e queimados.
A Inquisição na Espanha durou de 1481 até 1820. Mais de 350.000 judeus foram punidos


A Reforma

 Finalmente, os responsáveis pela Reforma reconheceram muitos erros inerentes à Igreja e desafiaram a liderança: o papa, os bispos, os padres, enfim, todo o corpo eclesiástico. A Reforma trouxe repercussões complexas e até mesmo contraditórias para a evolução do anti-semitismo. A outra parte, o Luteranismo, desenvolveu uma contínua tensão de anti-semitismo devido aos últimos pontos de vista antijudaicos de Lutero.

Uma conseqüência imediata da Reforma foi o agravamento da posição dos judeus em regiões que permaneceram católico-romanos. Os papas estavam determinados a restaurar a ordem através da aplicação rígida das leis do Cânon. E isto, é claro, afetou o povo judeu negativamente. Um dos resultados disso foi à introdução de guetos, a partir da segunda metade do século XVI, primeiramente na Itália e passando para o império Austríaco. O gueto era na verdade o nome de uma ilha em Veneza onde havia uma fundição abandonada. Os judeus de Veneza foram reunidos e mandados para lá, para que pudessem ficar separados e também vigiados. Esta prática se espalhou por outras partes do mundo católico. Adolfo Hitler reinstituiu o gueto no Terceiro Reich com o mesmo propósito. G.E. Roberti, um publicitário católico do século XVIII, afirmou: "Um gueto judeu é uma melhor prova da verdade da religião de Jesus Cristo, mais do que todas as escolas de teologia."
Martinho Lutero: Martinho Lutero é o pai do Luteranismo. Durante o primeiro período de seu ministério, 1513-1523, ele condenou a perseguição aos judeus e recomendou uma política de mais tolerância com relação a eles, baseandose então no espírito da verdadeira fraternidade. Em 1523, ele escreveu um panfleto: "que Cristo era um judeu" no qual ele argumentava que os judeus, os quais eram da mesma linhagem do fundador do cristianismo, estavam certos em recusarem a aceitar o "paganismo papal" apresentado a eles como cristianismo. Ele acrescentou: "Se eu fosse um judeu e aqueles tolos e cabeças-duras, tivessem tentado me ensinar à fé cristã, eu preferiria ter me transformado em um porco, do que me tornar um cristão."
Entretanto, quando os judeus não aceitaram sua versão de cristianismo ou não se convertiam, Lutero se tornou bastante hostil com eles. Nos anos de 1530, em seu livro "Table Talk Series", Lutero se referiu a eles como: "judeus de dura cerviz, corações de ferro e obstinados como o diabo."
Finalmente, aconteceu. Ele imprimiu dois panfletos em 1542 intitulados: "On the Jews and Their Lies" (Os Judeus e Suas Mentiras) e em 1543, "On The Shem Hamephoras" (O Nome Inefável). Estes dois panfletos contêm uma das linguagens mais vis e repugnantes já escritas contra o povo judeu.
Quinhentos anos mais tarde, Hitler baseou muita das suas idéias e justificativas para seu tratamento com o judeu e o Holocausto nestes escritos. Afinal, se o pai da Igreja Luterana, o qual era alemão, afirmou estas coisas, quem poderia argumentar com ele? Para Lutero se tratava de "semear vento e colher tempestade".

O Iluminismo E A Emancipação

Quando caminhamos para a era do Iluminismo nos séculos XVII e XVIII, encontramos o povo judeu ainda sofrendo do legado do preconceito. Uma vez que o cristianismo exercia um domínio total na Europa, os judeus ficavam às margens da vida social européia, e não podiam sequer adquirir propriedades. O termo judeu errante, vem do fato de estarem sempre forçados a mudarem de cidade em cidade, de país em país. Por esta razão, o povo judeu se envolvia em ocupações intelectuais, comércio e arte, profissões que podiam carregar consigo, caso fossem forçados a deixar o lugar. Como não podiam comprar propriedades, eles colocavam toda a sua riqueza em jóias ou alguma mercadoria que fosse facilmente transportável. Sua vocação para a área bancária e empréstimos, os quais foram imputados pelas autoridades da Igreja desde o século XII, deu a eles a indesejável reputação de serem obcecados por dinheiro.
Eles se tornaram o bode expiatório para os problemas do mundo. Quando a população da Europa estava morrendo de Peste Bubônica, os judeus foram acusados de envenenar os poços. Pela falta de conhecimento com respeito a germes e doenças e vendo que a maioria dos judeus não se infectava (devido aos hábitos alimentares e de higiene) a conclusão dos cidadãos europeus foi que os judeus eram vistos como pessoas más, incitados pelo diabo para fazer obras malignas. Algumas vezes eram caricaturizados como criaturas com rabos pontudos, chifres e características diabólicas.
Quando entramos na era da Emancipação, a mais nova versão de anti-semitismo do século XIX, veio do solo, o qual foi bem cuidado por muitos séculos na Europa pela teologia cristã e por mitos populares sobre o povo judeu. Durante séculos, os cristãos perseguiram os judeus por razões teológicas e também por este "ensino de desprezo" que acabou rotulando o mais antigo de todos os temas anti-semitas: o fato que judeus eram um tipo de alien no meio da sociedade e um inimigo do estado moderno secular. O fim da era medieval de fé e política não significou o fim do anti-semitismo

O Holocausto

Isto nos traz o holocausto, que culminou em 1900 anos de maus ensinos da sociedade cristã. O holocausto foi a solução final dada por Hitler para o povo judeu.

A Alemanha foi uma das sociedades mais instruídas, intelectuais e cultas do mundo naquela época. Todavia, esta então chamada sociedade cristã apoiou e assistiu ao extermínio dos judeus da Europa, e alguns até participaram.
Seis milhões de judeus, incluindo 2.000.000 de crianças foram violentamente assassinados por Hitler e os nazistas. Sua solução final era livrar o mundo da "praga judia", como ele mesmo os retratava na literatura, palestras e filmes. Hitler concluiu que havia uma má sociedade e o denominador comum eram os judeus, os quais podiam ser encontrados em qualquer cidade e em todos os países da Europa. Para Hitler, eles precisavam ser controlados e segregados do resto da sociedade e tinham de usar marcas distintivas. Eles deveriam somente trabalhar com tarefas servis e deveriam ser barrados nas medicinas, artes, ciências, lei, educação, etc. Suas sinagogas e livros de oração deveriam ser queimados, suas propriedades confiscadas e finalmente mortos. Este fato não te soa vagamente familiar? Cada uma dessas perseguições teve um precedente nos séculos passados quando a Igreja controlava a política. Hitler não fez nada de novo, ele somente agiu numa escala maior e mais "eficientemente". Infelizmente, ele aprendeu esta lição com a história da Igreja.
Hitler e seus agentes certamente não eram verdadeiros cristãos. A filosofia nazista foi influenciada pela mitologia pagã. Eles cometeram estas barbaridades em uma nação dita cristã... e havia um silêncio absoluto por parte do mundo cristão. Até mesmo durante a década que antecedeu os extermínios da "solução final", o "cristão ocidental" rejeitou os judeus imigrantes que tentavam escapar da crescente ameaça nazista, eles até mesmo os impediram de ir para Eretz Israel, a terra de seus ancestrais. Isto resultou na morte de milhões de judeus.
Padre Neimoeller, escreveu sobre este triste capítulo da história: "Primeiro eles foram para os comunistas e eu não me pronunciei porque não era um comunista. Depois eles foram para os socialistas e eu não me pronunciei porque não era um socialista. A seguir, eles foram para os sindicalistas. Daí eles foram para os judeus e eu não me pronunciei porque não era um judeu. Então eles vieram para mim e não sobrou ninguém para se pronunciar por mim".
O Holocausto em toda a sua severidade é único para o povo judeu. Não-judeus eram mortos na máquina de matar de Hitler, por razões políticas ou sociais, como sendo mentalmente doentes, prostitutas ou homossexuais. Todo o povo judeu era alvo: mães, crianças, camponeses, médicos, músicos, rabinos, professores, etc. Ninguém ficava isento e todos eram exterminados SÓ POR SEREM JUDEUS. Felizmente, houve alguns cristãos que tiveram compaixão e esconderam ou ajudaram alguns a escapar, por exemplo, Corrie Ten Boom e os cristãos de Le Chambon, na França. Entretanto, foram tão poucos que não deu para fazer diferença. Hitler se foi. O nazismo alemão não existe mais. Todavia, "a menina dos olhos de Deus" (Zc.2:14), o povo judeu, está vivo e Israel é um fato.

O Anti-Semitismo Nos Últimos 50 Anos

A partir deste relatório histórico, podese ver que o conceito de relações cristã-judaicas é um fenômeno bastante recente. O esforço no sentido de se construir relacionamentos genuínos entre cristãos e judeus só começou nos últimos 40 anos. Considerando quarenta anos em quase 2.000 não representa um longo tempo. Muito deste esforço se trata de uma resposta ao Holocausto; contudo, está acontecendo. Será que vai durar? Só se você fizer com que dure. Ainda há uma batalha a ser vencida. O anti-semitismo não acabou, e pode ser visto e ouvido em todas as comunidades. Alguns querem que você acredite que o mundo está se tornando um lugar melhor para se viver e que o anti-semitismo está minguando, mas isto não é verdade. Desde 1990, temos visto um aumento nos acontecimentos anti-semitas por todo o mundo, até mesmo em lugares com pouquíssimos judeus, tais como Japão. Podemos também ver como Israel é alvo de uma grande quantidade de reportagens manchadas por influências negativas. Israel tem sido um baluarte de autodeterminação para o povo judeu, e muitos no mundo não podem aceitar este fato. Um Israel fraco e perdedor era mais aceitável.
Mas um Israel forte, no mesmo nível do resto do mundo, é inaceitável. Na minha avaliação, a opinião mundial acerca de Israel está presa na mesma cova do anti-semitismo. Após a Segunda Guerra Mundial, quando os fatos do holocausto vieram à luz, muitos indivíduos e grupos começaram a se pronunciar pelos judeus, apesar de muito tarde para salvar os 6.000.000 que pereceram. Uma vez que não estava mais na "moda" ser anti-semita, isto não fez com que o problema desaparecesse... somente fez com que ficasse enterrado. Atualmente o anti-semitismo tem aparecido disfarçado sob uma política acerca de Israel, as pessoas e os governos têm se mostrado indignados com este "Estado Sionista agressivo". A nova onda anti-Israel ou anti-semita, nada mais é que o anti-semitismo de roupa nova.
Como podemos contrariar esta nova onda? Tomando posição, conhecendo os fatos e sendo uma voz coletiva cristã de apoio e encorajamento. E isto é algo que não foi feito durante a história da Igreja. Houve sim, cristãos que se pronunciaram, mas hoje eu creio que nós temos a chance de fazer uma grande diferença, porque podemos mostrar solidariedade como um grupo

O Que Isto Deveria Significar Para Nós?

O povo judeu conhece muito bem essa história, enquanto muitos cristãos a ignoram. Preferimos esquecêla porque ela representa uma acusação contra nós.
O Rev. Dr. Edward Flannery, registrou em seu livro "The Anguish of the Jews" (A Agonia dos Judeus) que "os únicos capítulos da história cristã conhecida pelos judeus foram gravados em páginas, as quais a Igreja removeu dos livros de história e depois queimou".
O que Paulo quer dizer em Romanos 11 quando afirma que os judeus são "amados por causa dos patriarcas", e que "pela nossa misericórdia eles alcançarão misericórdia"?
É repugnante pensar que a grande arma de satanás contra o povo da aliança de Deus, a menina dos Seus olhos, foi a Igreja. Dizer que estes religiosos históricos que fizeram coisas terríveis, não eram cristãos de verdade, não procede porque muitos deles eram.
Vamos aprender algo de Martinho Lutero. Ninguém pode questionar a sua devoção ao Senhor, todavia ele falou e escreveu uma das matérias anti-semitas mais terríveis da história. Como Lutero, alguns dos grandes anti-semitas começaram apoiando o povo judeu e depois ficaram desapontados quando os judeus não preenchiam suas expectativas cristãs. Aparentemente, o amor deles não era genuíno, mas havia um motivo que ia muito além. Anti-semitismo é pecado e devemos sempre proteger nossos corações e nossas mentes para não cometêlo. Eu creio plenamente que o anti-semitismo é típico do maligno e a luta contra ele é tanto física quanto espiritual.
Uma vez que os judeus são um povo chamado por Deus, povo da Aliança, lutar contra eles significa lutar contra o próprio Deus. podese até entender esta atitude para aqueles que são do mundo mas se torna um erro trágico para cristãos que crêem no Deus de Israel. Ogden Nash escreveu: "Quão esquisito é o fato de Deus ter escolhido os judeus, mas não mais esquisito do que aqueles que escolheram o Deus Judeu (Jesus) e rejeitaram os judeus."
Agora que já lemos a verdade sobre este assunto, é hora da igreja crescer e aprender a respeitar o povo da aliança de Deus, nossos irmãos mais velhos, o judaísmo, o pai da nossa fé.
Isaías, o profeta disse: "Ouvime vós, os que procurais a justiça, os que buscais o Senhor; olhai para a rocha de que fostes cortados, e para a caverna do poço de que fostes cavados. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque era ele único, quando Eu o chamei, o abençoei e o multipliquei. Porque o Senhor tem piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graça e som de música." Is 51.1-3. Paulo diz: "E, se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz, também os ramos o serão. Se, porém, alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava, foste enxertado em meio deles, e te tornaste participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; porém se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti." Rm 11.16-18 Paulo é claro quanto aos ramos naturais de Deus, o povo judeu, quando ele os menciona em Romanos 11.28: "Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas;"
Os cristãos devem se lembrar que, foi através do povo judeu, povo escolhido de Deus, que Jesus nasceu e nós recebemos salvação. Eles foram escolhidos para viver na terra de Deus, Israel, para adorá-Lo e serem abençoados por Ele. Mostrando assim ao mundo a benção de servir ao único Deus verdadeiro. Sim, eles deveriam ser amados por aquilo que temos recebido através deles e não odiados.
Como cristãos gentios, temos uma relação judaica. Em Efésios 2.11-13, Paulo afirma que nós, gentios, fomos enxertados pelo sangue de Jesus para a aliança das promessas, esperança, fé de Israel e nos tornamos até mesmo cidadãos de Israel.
Além do mais devemos nos lembrar que Jesus era judeu. O Seu Nome real era Yeshua, e Ele foi um rabino que ensinava nas sinagogas. Seus discípulos, bem como os escritores do Novo Testamento, com exceção de Lucas, eram judeus, os apóstolos e os primeiros discípulos também eram judeus. Eles adoravam no 'Shabbat', celebravam as festas e freqüentavam as sinagogas".
Paulo diz aos cristãos: "que pela nossa misericórdia eles receberão misericórdia." Este amor e misericórdia pelo povo judeu são mais que um caloroso sentimento de apreciação. Como cristãos, temos uma dívida com Israel.
Em Rm 15.27, Paulo diz que devemos demonstrar nosso amor e misericórdia com ação, "Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servilos com bens materiais."
Em Mt 25, o próprio Jesus afirma Sua opinião sobre este assunto, quando Ele compara o tratamento que damos aos seus irmãos, o povo judeu, como a forma como O tratamos. Nos versos 34-40, Jesus diz que esteve faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Daí, Ele declarou que Seus discípulos atenderam a todas estas necessidades. Eles perguntaram: "Senhor, quando O vimos nesta situação?" E Ele replicou: "Em verdade vos digo, o que quer que tenham feito a um desses meus irmãos, fizeram a mim."
Zacarias 2.8 nos diz do amor de Deus pelo povo judeu: "Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Para obter Ele a glória, envioume às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do Seu olho."
É chegada a hora dos cristãos romperem com ensinos anti-semitas e fazerem uma mudança. Devemos agir, não sem culpa, mas com um espírito humilde e de amor.
É hora de reforçarmos a aliança de Deus com Seu povo e demonstrar amor e respeito pelo povo judeu em todo o mundo.
É hora de nos unirmos a Deus em Seu plano para a nação de Israel, uma vez que Ele está literalmente movendo terra e céu para realizar Suas promessas proféticas de benção messiânica, enquanto aguardamos a breve volta do Senhor. Como cristãos, devemos aceitar o desafio e colocar de lado todo o ódio de gerações com respeito aos judeus, seja onde for: em comunidades, igrejas, famílias, e sim, mesmo que apareça em nossos próprios corações  O destino da igreja está interligado com o futuro de Israel e do povo judeu. Por muito tempo, os cristãos permaneceram em silêncio. Por muito tempo, a Comunidade Judaica teve de lutar sozinha. É hora de cada um de nós se pronunciar acerca daqueles que nos deram a Bíblia e a salvação.
Cada um de nós pode fazer diferença.
Tradução: Vânia Lemos Ferreira - Secretária do Bridges For Peace - Brasil
Shalom de Jerusalem
Clarence H. Wagner, Jr.
Diretor Internacional
Português preparado por Barry R. Denison - Diretor Nacion

www.casaisrael.com

Postado por : Hadassa Ben Hashem

 Chorem pela noiva de cristo ... judeus e gentios juntos completos no Mashiah!

Muitos de nós podemos acreditar que não temos nada com tudo isto. Mas é fato que esta é a História da igreja e mesmo que revolte nosso espírtito , Cristo tem apenas uma noiva, consequentemente fazemos parte de toda trajetória que a mesma seguiu.   Deus nos busca como amigos e sacerdotes chorando e clamando pela dor DELE e pela dor da noiva entre o pórtico e o altar.

Para os que querem de todo coração fazer  diferença, esta que vos escreve indica:


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