terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

INGENUIDADE, IGNORÂNCIA OU MÁ FÉ?


A desinformação acomoda, vicia, destrói. Quando não sabemos nada “sobre” ou temos conhecimento parcial “de”, tendemos a ter uma vida menos preocupada, sem sobressaltos, aparentemente tranqüila. Mas isso é uma falácia. A desinformação na verdade é a mãe da alienação e esta, por sua vez, a avó da ingenuidade.
E uma pessoa desinformada, alienada e ingênua acaba sendo uma presa fácil de todo tipo de discurso. Pior: ao invés de dar crédito à verdade, acaba por aceitar o primeiro argumento que se lhe apresente mais bonito, que venha embalado no invólucro mais sedutor e apresentado pelo emissário mais garboso. “O doutor fulano disse que” avaliza qualquer tese. Lamentável.
Tenho um amigo que anseia fazer doutorado em uma famosa universidade de São Paulo só pelo status que o título lhe dará. Independentemente do que lá é ensinado (basta ver o que pensa os seus “doutores” em História), o título abre portas. Fazer o quê?
Quanto a mim, pobre escrevinhador sem título, vou pagando o preço de ter algumas informações que muitos desconhecem, fruto do ato de escarafunchar a História, hábito que desenvolvi ao longo das últimas três décadas e meia.
Em relação aos protestos que atualmente sacodem o Egito, um leitor deste blog escreveu: “Não sei bem o que Israel tem a ver com os protestos”. Não sabe por que ninguém insinuou nada ainda. Mas se insinuar terá. Independentemente de quem quer que seja a fonte! Depreendo isso à partir da análise dos comentários anteriores, onde ele se esforça para tentar passar uma pose de neutralidade, mas sempre conclui as observações com alfinetas às ações do Governo israelense.
Israel não deve nada ao Egito. Os egípcios sim devem muito a Israel. Inclusive sua dignidade. Poucas nações do mundo tratam inimigos derrotados com tanta dignidade quanto Israel trata os seus.
Em 1967, quando terminou a Guerra dos Seis Dias, o vitorioso Estado de Israel havia capturado mais de três vezes a dimensão do seu território anterior. Dos 20.720 km2 Israel tinha agora  67.340 km2.
. O que fez Israel? Embora, pelo Direito Internacional e à partir de uma guerra defensiva, Israel poderia anexar vastas áreas ao seu território, mas limitou-se quase que unicamente a unificar Jerusalém.
Ao defender-se dos ataques árabes, as forças israelenses capturaram também o Sinai, as Colinas de Golã, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Na eterna política de trocar terras por paz, os líderes de Israel passaram negociar acordos com seus vizinhos. O território reclamado pela Jordânia foi devolvido, quase toda a Faixa de Gaza, 40% da Cisjordânia foi parar nas mãos dos chamados Palestinos (sic) e TODO O SINAI foi devolvido ao Egito. Atualmente, aproximadamente 93% dos territórios conquistados naquela guerra defensiva foram entregues por Israel aos seus vizinhos árabes, como resultado de negociações.
Mesmo diante da mais covarde das guerras, Israel portou-se com dignidade ímpar. Mitchell G. Bard faz o seguinte relato no clássico Mitos e Fatos. A Verdade sobre o Conflito Árabe-Israelense:
“Em 6 de outubro de 1973 – em pleno Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico – Egito e Síria iniciaram um ataque-surpresa coordenado contra Israel. Os árabes, em quantidade equivalente ao total de forças da OTAN na Europa, atacaram as fronteiras de Israel. Nas Colinas de Golã, 180 tanques israelenses enfrentaram uma investida de 1.400 tanques sírios. Ao longo do Canal de Suez, menos de 500 defensores israelenses foram atacados por 80 mil egípcios.
Jogado na defensiva durante os primeiros dois dias de combate, Israel mobilizou seus reservistas, expulsou os invasores e levou a guerra para o interior da Síria e do Egito. Os países árabes foram rapidamente reabastecidos por mar e ar pela União Soviética, que rejeitou os esforços dos Estados Unidos por um cessar-fogo imediato. Como resultado, os EUA deram início, com atraso, à sua própria ponte aérea até Israel. Duas semanas depois, o Egito foi salvo de uma derrota desastrosa pela interferência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A União Soviética não demonstrou interesse em iniciar esforços de pacificação quando parecia que os árabes poderiam vencer. O mesmo pode ser dito do secretário-geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim. Quando Israel estava prestes a vencer, no dia 22 de outubro de 1973, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se e adotou a Resolução 338, que pedia que ‘todas as partes do combate corrente cessassem todo ataque e encerrasse imediatamente toda atividade militar’. A votação ocorreu no dia em que as forças israelenses isolaram o III exército egípcio e estavam em posição de destruí-lo”.
Uma vez mais, Israel cedeu frente às pressões internacionais. E foi chorar seus mortos. 2.688 soldados israelenses perderam a vida na Guerra do Yom Kippur. Israel ficou sem seus filhos, os árabes ficaram com suas terras.

Israel está sim de olho no que está acontecendo ao vizinho Egito. Não tem nada a ver com o que lá se passa, mas está de olho. E por uma razão simples: Mais cedo ou mais tarde as coisas se voltarão contra Israel.
Fechar os olhos para isso é ingenuidade, ignorância ou má fé.
Hoje pela manhã ouvi numa emissora de rádio portuguesa a entrevista de um professor egípcio, que se apresenta como cristão copta. 
Adel Sidarus, professor da Universidade de Évora, disse candidamente: “Em relação às minorias cristãs, [os líderes da] Irmandade Muçulmana, [que são] moderados, respeitarão a Lei Islâmica, que abre as portas para as minorias religiosas, sobretudo as monoteístas”.
Ingenuidade, ignorância ou má fé. Mas nada de verdade.



A edição de hoje do jornal israelense Jerusalém Post traz uma matéria sobre o que pensa a liderança da Irmandade Muçulmana. O porta-voz do grupo disse que se a organização desempenhar algum papel no futuro governo egípcio, ela se recusará a se comprometer com a manutenção do tratado de paz com Israel. E que dificilmente eles reconhecerão a existência do Estado de Israel.
Perguntado pela CNN se a sua organização apoiaria a manutenção do tratado de paz egípcio-israelense, Mohamed Morsy, evitou uma resposta direta. Usando de evasivas disse que caberia ao parlamento egípcio decidir o destino do tratado, e que o parlamento iria refletir a vontade do povo.
O repórter da CNN insistiu, perguntando se havia alguma condição da Irmandade reconhecer o Estado de Israel. Morsy, que evitava respostas diretas, disse: “É ridículo perguntar sobre o futuro”. Depois, acusou Israel de “derramar o sangue dos palestinos há mais de 60 anos” e concluiu dizendo que “a Irmandade não é contra os judeus, mas sim contra o Sionismo”.
Ingenuidade, ignorância ou má fé. Relei-a os Princípios da Irmandade Muçulmana,citados num dos nossos últimos artigos, e decida você mesmo. Estes são os princípios:
Allah é o nosso objetivo, 
o Profeta o nosso líder,
 o Alcorão a nossa lei, 
a Jihad o nosso caminho 
e Morrer por Allah a nossa maior esperança”.
ISRAEL É BEM MAIS DO QUE VOCÊ ESTÁ ACOSTUMADO A VER, OUVIR OU LER.

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