quarta-feira, 8 de junho de 2011

Turquia em Chipre versus Israel em Gaza

ESTES são os DEFENSORES dos direitos humanos de Gaza

E-mail Imprimir PDF
A divisão de Chipre a partir de 1974
Tendo em vista as recentes críticas de Ancara, naquilo  que chamou de “prisão a céu aberto” em Gaza, a data de hoje, que marca o aniversário da invasão de Chipre pela Turquia, possui uma relevância especial.

Emine Erdoğan, esposa do primeiro ministro turco
A política da Turquia em relação a Israel, historicamente cordial e há apenas uma década se aproximando de uma aliança completa, esfriou desde que islamistas chegaram ao poder em Ancara em 2002. Sua hostilidade tornou-se explícita em 2009, durante a guerra Israel-Hamas. O primeiro ministro Recep Tayyip Erdoğan condenou veementemente as políticas israelenses como “perpetração de ações inumanas que irão levá-los a autodestruição” (“Alá irá... punir aqueles que transgredirem os direitos de inocentes”). Sua esposa Emine Erdoğan hiperbolicamente condenou as ações israelenses como tão desprezíveis que “não podem ser expressas com palavras”.
Seus ataques verbais possuíam o augúrio de hostilidades adicionais que incluíram insultar o presidente israelense, auxiliar com o patrocínio da Flotilha da Liberdade, e chamar de volta o embaixador turco do país.
Essa cólera turca levanta uma questão: Israel em Gaza é realmente tão pior do que a Turquia em Chipre? Uma comparação aponta que isto é altamente improvável. Considere alguns contrastes:
  • A invasão turca de Julho-Agosto de 1974 envolveu o uso de napalm e espalhou o terror entre aldeãos gregos em Chipre, de acordo com o Minority Rights International Group[*]. Em contraste, a “feroz batalha” de Israel para tomar Gaza contou apenas com armamentos convencionais e não causou virtualmente qualquer baixa civil.
  • A ocupação subsequente de 37 por cento da ilha resultou em uma “limpeza étnica forçada” de acordo com William Mallinson em uma monografia recém publicada pela Universidade de Minnesota. Por outro lado, se alguém deseja acusar Israel de limpeza étnica em Gaza, foi contra seu próprio povo, os judeus, em 2005.
  • O governo turco patrocinou o que Mallinson chama de uma “política sistemática de colonização” em terras gregas no norte de Chipre. Cipriotas turcos em 1973 totalizavam aproximadamente 120.000 pessoas; desde então, mais de 160.000 cidadãos da República da Turquia assentaram-se em suas terras. Nem ao menos uma comunidade israelense permaneceu em Gaza.
  • Ancara governa sua zona ocupada tão rigidamente que, nas palavras de Bülent Akarcali, um político turco sênior, “O norte de Chipre é governado como uma província da Turquia”. Um inimigo de Israel, Hamas, governa em Gaza.
  • Os turcos montaram uma estrutura autônoma dissimulada, chamada “República Turca do Norte de Chipre”. Os cidadãos de Gaza usufruem de uma autonomia real.
  • Um muro ao longo da ilha mantém gregos pacíficos fora do norte de Chipre. A muralha de Israel exclui terroristas palestinos.
Placa na cerca ao redor de Varosha, Chipre
E há também a cidade fantasma de Famagusta, onde as ações turcas assemelham-se às da Síria sob o comando dos brutamontes Assad. Após a força aérea turca bombardear a cidade portuária cipriota, forças turcas movimentaram-se para tomá-la, com isso incitando a população grega inteira (temendo um massacre) a fugir. Tropas turcas imediatamente isolaram a parte central da cidade, chamada Varosha, e proibiram a habitação desta região.
Conforme esta cidade grega em degradação é reclamada pela natureza, torna-se uma bizarra cápsula do tempo desde 1974. Steven Plaut da Universidade de Haifa visitou a região e relata: “Nada mudou... Dizem que os distribuidores de carros na cidade fantasma até hoje estão estocados com modelos antigos de 1974. Durantes anos, após o estupro de Famagusta, pessoas dizem ver pontos de luz brilhando nas janelas de prédios abandonados”.
Placa em um portão de metal na capital de Nicósia
Curiosamente, outra cidade fantasma levantina também data do verão de 1974. Apenas 24 dias antes da invasão turca em Chipre, tropas israelenses evacuaram a cidade fronteiriça de Quneitra, entregando-a a autoridades sírias. Hafez-al-Assad decidiu, por razões políticas, não permitir que ninguém vivesse nela. Décadas depois, ela também permanece vazia, refém da belicosidade.
 Erdoğan diz que tropas turcas não estão ocupando o norte de Chipre, mas estão lá na “capacidade turca de potência responsável”, seja lá o que isto quer dizer. No entanto, o mundo externo não foi ludibriado. Se Elvis Costello recentemente cancelou uma apresentação em Tel Aviv em protesto contra o “sofrimento de inocentes [palestinos]”, Jennifer Lopez cancelou sua apresentação no norte de Chipre para protestar contra o “abuso de direitos humanos” lá.
Em resumo, o norte de Chipre compartilha características com a Síria e se assemelha a uma prisão a céu aberto mais do que Gaza. É interessante que uma Ancara hipócrita aprume sua penugem moral sobre Gaza, mesmo que governe uma zona de maneira significantemente mais ofensiva. Em vez de se meter em Gaza, os líderes turcos deveriam cessar a ocupação ilegal e desordeira que por décadas dividiu Chipre tragicamente.
Tradução: Roberto Ferraracio
Publicado originalmente no The Washington Times, no dia 20 de julho de 2010

Link: http://www.midiaamais.com.br/

Postado por: Hadassa Ben HaShem

Orai pela paz de Jerusalém; prosperem aqueles que te amam.
Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios.
Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Haja paz dentro de ti.
Por causa da casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem.
Salmo 122: 6 - 9

Nenhum comentário:

Postar um comentário